TEORIAS BEHAVIORISTAS DE APRENDIZAGEM
Teorias behavioristas de aprendizagem
I. Introdução
A aprendizagem é uma construção individual que decorre do processo de experiência dentro do indivíduo e se traduz em modificação de comportamento relativamente estável. Aprendizagem é a mudança duradoura no conhecimento ou comportamento como resultado de treinamento, experiência ou aprendizado, ou o processo que leva a tal mudança (Kurt Fischer). É o processo de adquirir ou modificar habilidades, habilidades, conhecimentos, comportamentos ou valores por meio do aprendizado, experiência, raciocínio e observação.
Ao longo da história, o processo de aprendizagem foi estudado muitas vezes, resultando em diversas teorias sobre a aprendizagem, que são os diferentes modelos projetados para explicar o processo de aprendizagem dos indivíduos. Entre as principais teorias da aprendizagem, podemos citar a teoria behaviorista, a teoria construtivista, a teoria social interacionista, a teoria cognitiva, a teoria estruturalista, etc.
A teoria behaviorista ou behaviorismo é uma corrente que afirma que o único objeto da pesquisa psicológica é o comportamento observável e mensurável. Seguindo essa tendência, o comportamento dos indivíduos é cientificamente observável, mensurável e controlável, assim como os fatos estudados pelas ciências naturais e exatas. Este trabalho tem como objetivo descrever o behaviorismo ou teorias behavioristas da aprendizagem, suas principais ideias, leis ou princípios, e seus predecessores.
1.1. Objetivos:
1.1.1 Objetivo
geral:
🕳️Descrever as teorias behavioristas de
aprendizagem.
1.1.2.Objectivos
específicos:
🕳️Identificar as
teorias behavioristas de aprendizagem;
🕳️Caracterizar as
teorias behavioristas de aprendizagem;
🕳️Explicar as
teorias behavioristas de aprendizagem.
II. Teorias behavioristas
de aprendizagem
O behaviorismo ou teoria behaviorista defende uma psicologia mais objetiva. Os behavioristas se opõem à pesquisa baseada apenas em sentimentos, emoções e pensamentos.
As primeiras manifestações da psicologia behaviorista vieram de John Watson (1878 - 1958), psicólogo americano que defendia o estudo do comportamento observável. Essas teorias tentam entender o comportamento por meio da relação entre estímulos ambientais, respostas observáveis e consequências subsequentes.
2.1. Origem do behaviorismo
O termo behaviorismo foi cunhado pelo americano John B. Watson em um artigo (1913) intitulado "Psicologia como os behavioristas a veem". O termo inglês behavior se refere ao comportamento, então essa tendência teórica é chamada de behaviorismo. Outros nomes também são usados para se referir a ela, como: behaviorismo, teoria do comportamento, análise experimental do comportamento.
O behaviorista mais importante para suceder Watson foi B. F. Skinner, que se tornou o representante mais importante da escola comportamental, descrevendo o sistema de condicionamento operante (a experiência do rato na caixa de Skinner).
2.3. Defensores do Behaviorismo
John Broadus Watson (1878-1958), considerado o pai do behaviorismo, publicou "Psychology in the Eyes of Behaviorists" em 1913, declarando que a psicologia é um ramo puramente objetivo e experimental das ciências naturais cujo objetivo é prever e controlar o comportamento de cada indivíduo.
Os seus
estudos basearam-se no condicionamento clássico, conceito desenvolvido pelo
fisiologista Pavlov, que ganhou o Prémio Nobel de
Medicina pelo seu trabalho sobre a atividade digestiva dos cachorros. Pavlov
descobriu que os cães não salivavam apenas ao ver comida, mas também quando
associavam algum som ou gesto à chegada de comida. A este fenômeno
de associação ele denominou de condicionamento clássico. A partir das
descobertas de Pavlov, tornou-se possível a investigação empírica da relação
entre o organismo e o meio.
2.3. Ideias centrais do behaviorismo
A teoria behaviorista acredita que as pessoas são uma coleção de estímulos e respostas, e a base da teoria behaviorista é o resultado do comportamento humano observável.
Estímulos e respostas são as unidades básicas de descrição e o ponto de partida para a ciência comportamental. O homem passa a ser estudado como produto do processo de aprendizagem que sofre desde a infância, ou seja, como produto das associações que faz ao longo de sua vida entre estímulos (ambiente) e respostas (manifestações comportamentais).
De acordo com os behavioristas, a personalidade é determinada por nossas ações. Assim, a pessoa é quem é por causa de certos comportamentos que são vivenciados pelo objeto de reforço ou punição. Para os behavioristas, o ser humano é fundamentalmente um organismo que responde a estímulos externos de forma mais ou menos automática e contingente (Tavares et al., 1989). Os principais behavioristas são: Watson, Pavlov, Skinner e Thorndike.
2.4. Os três postulados centrais do
Behaviorismo
⚫ A psicologia é a ciência do comportamento, não a ciência da mente.
⚫ O comportamento pode ser descrito e explicado sem recorrer a esquemas mentais ou esquemas mentais internos.
⚫ A fonte do comportamento é o ambiente (pode até ser visceral), não o “coração” dentro do indivíduo.
2.5.1. Teoria behaviorista segundo Watson
Considerado
o fundador do behaviorismo norte-americano. John Broadus Watson (1878-1958)
nasceu em Greenville, Carolina do Sul, em 1878.
Watson
cunhou o termo behaviorismo para deixar claro que sua preocupação era com
aspectos observáveis do comportamento; com a ideia de ocupar-se com o que as
pessoas fazem, omitindo qualquer discussão sobre a consciência.
O maior objetivo do enfoque behaviorista é chegar a leis que
relacionam estímulos, respostas e consequências (boas, más ou neutras),
sem se interessar muito pelas consequências como causa da aprendizagem porque
considerava conceitos como “reforço” e “punição” muito vagos para uma
ciência objetiva do comportamento. Dai para explicar certas aprendizagens,
Watson utilizava dois princípios: o da frequência e o da recentidade.
2.5.2. O behaviorismo de Guthrie – Teoria da contiguidade
O
behaviorismo de Edwin R. Guthrie (1886-1959), semelhante ao de Watson,
profundamente influenciado pelo condicionamento clássico, defende que Se
uma resposta acompanha um estímulo tenderá a acompanhá-lo outra vez, ou seja,
se uma combinação de estímulos que acompanhou um movimento ocorrer outra vez,
tenderá a ser seguida por este movimento.
Na teoria da contiguidade, recompensas ou punições
não têm um papel significativo no aprendizado, já que ocorrem depois que a
associação entre estímulo e resposta foi feita; o aprendizado acontece em uma
única tentativa (todo ou nenhum, isto é, um tiro só ou tiro-e-queda).
2.5.3.
O conexionismo de Thorndike
A teoria de conexões
Estimulo – Resposta de Edward Lee Thorndike (1874-1949), defende que as
conexões são fortalecidas pelo uso ou pela natureza satisfatória, compensadora,
das consequências (esforço positivo) e são enfraquecidas pelo desuso ou pela
natureza desconfortável das consequências (esforço negativo).
A conceção de aprendizagem de Thorndike (conexões
Estimulo – Resposta) está sujeita a três leis principais e cinco
subordinadas.
2.5.3.1.Leis
principais da conceção de aprendizagem do conexionismo
A)
Lei do efeito – é
a lei que estabelece que:
— Quando uma conexão é seguida de uma consequência satisfatória,
ela é fortalecida, e provavelmente a mesma resposta será dada ao mesmo estímulo
outra vez;
— E se a conexão é seguida
por um estado de coisas irritantes, ela é enfraquecida., provavelmente a
resposta não será dada outra vez.
B)
Lei do exercício – é
a lei que estabelece que:
— O fortalecimento das
conexões se dá com a prática (lei do uso) e o enfraquecimento com a
descontinuidade da prática (lei do desuso).
C)
Lei da prontidão:– prontidão
significa preparação para ação, é a lei que estabelece que:
— Quando uma tendência para ação é despertada por atitudes, a
concretização da tendência em ação é satisfatória e a sua não concretização é
irritante.
2.5.4. Teoria Behaviorista de
Skinner - Behaviorismo Radical
O
Behaviorismo Radical da abordagem skinneriana é de Estímulo-Resposta, focaliza
sua atenção em eventos no mundo exterior ao indivíduo, limitando-se ao estudo
de comportamentos manifestos e mensuráveis e sem levar em consideração o que
ocorre na mente do indivíduo durante o processo de aprendizagem. Esta teoria
destaca dos tipos de comportamento: respondente e operante
2.5.4.1.Comportamento
respondente
O
comportamento respondente (reflexo ou involuntário): refere-se a respostas
eliciadas involuntariamente por determinados estímulos. O condicionamento
respondente é controlado por um estímulo precedente, o operante é controlado
por suas consequências, i.e., estímulos que se seguem à resposta. Como exemplo,
temos a contração das pupilas quando uma luz forte incide sobre os olhos, a
salivação provocada por uma gota de limão colocada na ponta da língua, o
arrepio da pele pelo ar frio nos atinge, etc.
2.5.4.2.Comportamento operante
O
comportamento Operante: quando o indivíduo atua no meio. Os comportamentos operantes
não são eliciados automaticamente por determinados estímulos mas sim é
determinado pelas consequências que produz, pelas alterações que provoca no
ambiente. O condicionamento operante é controlado por suas consequências, isto
é, estímulos que se seguem à resposta; é o processo no qual um reforçador vem
imediatamente após uma resposta e aumenta a frequência dessa resposta.
Estabelece um aumento na frequência de uma resposta que foi, recentemente,
associada com um reforçador positivo sob condições explícitas.
A ideia básica de Skinner é de que o comportamento é
controlado por suas consequências, e define aprendizagem como a mudança
no comportamento produzida pela experiência (é um termo muito mais amplo do que
condicionamento); extinção é suspensão do reforço. e esquecimento
sendo a falta de oportunidade para responder. Assim, defende que uma resposta
reforçada numa determinada ocasião tem maior probabilidade de ocorrer em
ocasião que lhe seja muito semelhante; em virtude, porém, de um processo
chamado de generalização, pode surgir em ocasiões que partilhem apenas algumas
dessas mesmas propriedades.
2.5.4.3. O processo instrucional na abordagem skinneriana
abordagem estabelece que o importante é concentrar-se nas contingências de
reforço, já que a aprendizagem ocorre devido ao reforço, e
O ensino se dá quando o que precisa ser ensinado pode ser colocado sob controlo
de certas contingências de reforço.
O papel do professor é o de arranjar as contingências de
reforço de modo a possibilitar ou aumentar a possibilidade de que o aprendiz
exiba o comportamento terminal (i.e., o que dever ser aprendido).
2.6. Princípios behavioristas de aprendizagem
Os princípios behavioristas servem de base para o condicionamento operante. sao descritos três (3) princípios behavioristas de
aprendizagem, a saber: princípio da resposta ativa, princípio da pequenas etapas e princípio da confirmação imediata.
🕳️ Princípio da
resposta ativa
Este princípio faz destaca iniciativas próprias, sendo o comportamento que desencadeia a ação, isto e, refere-se a situações em que as ações são realizadas pelo comportamento.
🕳️ Princípio das
pequenas etapas
Este princípio permite aproximações sucessivas ao objetivo final: Neste caso, podemos destacar o valor dos aspetos passo a passo, passo a passo, que levam os alunos ao objetivo desejado.
No processo de aprendizagem de alunos autistas, os professores precisam ensinar em etapas para que as crianças tenham um resultado satisfatório. Além disso, este princípio é muito útil para aprender em um ambiente doméstico. Por exemplo, é possível detalhar todos os pontos que ajudarão na preparação dos pequenos para se higienizarem adequadamente, assim, promover sua autonomia.
🕳️ O Princípio da confirmação imediata
Este princípio defende que o reforço imediato do comportamento está nos moldando, ou seja, a execução de tarefas e recompensas, a função específica que a criança exerce são aspetos essenciais na modelagem do nosso comportamento. Tornando -se assim sempre necessário, um o
reforço imediato para permitir a ação do aluno com
autismo em sala. Esta é uma metodologia que favorece a concretização de ações e comportamentos
que estimulam a autonomia.
2.7. Ramos do Behaviorismo
Os ramos principais do Behaviorismo são o Behaviorismo
Metodológico e o Behaviorismo Radical.
2.7.1.
Behaviorismo Metodológico
O behaviorismo metodológico é baseado na ênfase no objetivo ao invés do subjetivo. Também conhecido como "psicologia do outro" e "behaviorismo clássico", baseia-se no estudo do comportamento observável e aparente, ou seja, comportamento que pode ser percebido pelos sentidos.
O principal nome desse ramo de behaviorismo é John B. Watson, e sua afirmação sobre o behaviorismo metodológico é baseada na teoria clássica do condicionamento, desenvolvida pelo fisiologista e médico russo Ivan Pavlov
Ivan Pavlov (1849 - 1936) provou a existência duma associação entre o sino e a comida do cão após repetir por diversas vezes a experiência de tocar um sino e, em seguida, mostrar a comida a cachorros, criando-se uma associação entre o som do sino e o alimento para os cachorros.
Assim, mesmo sem ver nenhum alimento, um simples toque é suficiente para fazer um cachorro salivar.
O experimento do cão de Pavlov é uma validação do condicionamento clássico, que vê o comportamento como algo incontrolável e funciona como um reflexo involuntário.
2.7.1.1. Características do behaviorismo metodológico
— É uma teoria de estímulo –
resposta;
— Rejeita a introspeção como
um meio para se obter informações e conhecimento;
— Tem como critério o observável consensual, e
estabelece que o que estiver fora deste critério não pode ser estudado;
— Não nega a existência de
processos cognitivos; mas afasta-se deles, pois não havia como estudá-los,
sendo eles eventos inacessíveis à observação.
2.7.2. Behaviorismo
radical
O behaviorismo radical surge como a antítese do behaviorismo metodológico e afirma que sentimentos, emoções e outros fatores psicológicos não levam ao comportamento; na verdade, é parte integrante dele. Portanto, o comportamento consistirá em uma mistura das manifestações externas desses fatores e as consequências do comportamento realizado.
O behaviorismo radical, um ramo do behaviorismo desenvolvido por B. F. Skinner, difere do behaviorismo por incluir pensamentos, sentimentos e outros eventos privados na análise da psicologia humana e animal.
Skinner era um psicólogo radical porque acreditava que o conceito de internalismo (fatores psicológicos como a origem do comportamento) subjacente a várias teorias psicológicas existentes era impraticável. No entanto, Skinner nunca negou a existência de processos mentais em sua teoria, apenas argumentou que era fútil buscar motivações para atitudes humanas nessas variáveis.
Skinner defendia que ao se analisar um comportamento: cognitivo, emocional ou
motor; é preciso considerar o contexto em que ele ocorre e os acontecimentos
envolvidos nessa conduta sem se importar com indicadores mediacionais (corpo e mente, ...), o ser humano é uma
entidade única e uniforme, pois para ele não é possível dissociar ou distinguir elementos humanos
III. Conclusão
O ponto principal do behaviorismo é que o comportamento é um reflexo de processos psicológicos externos; o objetivo principal do comportamento é se adaptar às condições externas; o comportamento é uma substância verdadeiramente mensurável que pode ser medida e verificada; encorajamento e punição determinam o comportamento.
O behaviorismo sustenta que a psicologia é uma ciência do comportamento, não uma ciência da mente. O comportamento pode ser descrito e explicado sem a ajuda de esquemas mentais ou esquemas mentais internos; a fonte do comportamento é o ambiente, não os "pensamentos" internos do indivíduo.
Enquanto o behaviorismo metodológico entende que o ambiente externo é muito importante para a formação das pessoas, ou seja, aqueles comportamentos que são acordados dentro da sociedade. Por outro lado, o behaviorismo radical acredita que tudo deve ser analisado, não apenas esses comportamentos externos e de senso comum, mas todos os comportamentos.
IV. Bibliografia
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o Behaviorismo: ciência, comportamento e cultura. Porto Alegre: Artmed,
1999.
🕳️ BOCK, A. M. B.; FURTADO,
O.; TEIXEIRA, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de
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🕳️ FREIRE, I. R. Raízes
da Psicologia. 8ed. Petrópolis: Vozes, 2004.
🕳️ HOLLAND, J. G. Comportamentalismo
- parte do problema ou da solução? In: Psicologia 9 (1): 59-75, 1983.
MAGEE, B. História da filosofia. 3 ed. São Paulo: Edições Loyola, 2001.
🕳️ STAATS, A.W. Behaviorismo
social: uma ciência do homem com liberdade e dignidade. In: Arquivos
brasileiros de psicologia 32(4): 97-116, 1980
🕳️ LEFRANÇOIS, G. Teorias
da Aprendizagem. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
🕳️ MOREIRA, M. A. Teorias
de Aprendizagem. São Paulo, EPU, 2011.
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