Deficiência auditiva /surdez: aquisição, sinais, fatores, níveis, recursos e como lidar com a surdez
DEFICIÊNCIA AUDITIVA / SURDEZ: AQUISIÇÃO, SINAIS, FATORES,
NÍVEIS, RECURSOS e COMO LIDAR COM A SURDEZ
I. INTRODUÇÃO
O presente
trabalho é resultado de uma pesquisa, investigação que tem como tema
deficiência auditiva, com o objetivo de descrever a deficiência auditiva, sua
forma de aquisição, seus sinais, fatores que levam a surdez (pré-natais e
pós-natais),níveis de surdez (ligeira, moderada, severa e profunda) dos
recursos auditivos que uma criança com deficit auditivo pode recorrer (prótese
auditiva e implante coclear) e como lidar com pessoas com deficiência auditiva.
II. DEFICIÊNCIA AUDITIVA / SURDEZ
A chegada de
uma criança desejada é um dos momentos mais felizes na vida dos pais. Depois do
nascimento da criança e o diagnóstico de saúde revelar que o bebé é
portador de deficiência
auditiva para os
pais ouvintes, torna-se
num momento angustiado e de
grande inquietação. Apenas um pequeno número de crianças portadoras de
deficiência auditiva são concebidas por pais Surdos, concluindo-se que a
maioria dos Surdos é concebida por pais ouvintes. Há uma diferenciação entre
Deficiência Auditiva (DA) e Surdez (Lane, 1996).
A DA é a carência de audição,
a capacidade de ouvir é insuficiente perante as tarefas realizadas pelo
indivíduo (Nielsen, L. B. 2003). Esta insuficiência é uma lesão que se situa no
ouvido e a criança torna-se inapta de ouvir os sons que o rodeia (Correia,
2008). A DA é caracterizada por dois tipos: a temporária (que pode ser
ultrapassada com ajuda médica) e a definitiva (que não consegue ser combatida
com procedimentos médicos e a criança tem de aprender a viver assim durante
toda a sua vida). Temos três níveis distintos de DA.
No primeiro nível temos a
transmissão (um problema que está centrado no ouvido externo), no segundo nível
a lesão encontra-se no ouvido interno e no terceiro nível lesões tanto no
ouvido externo como interno (Nielsen, 2003). Para medir a intensidade do som
utiliza-se o Audiograma, que nos dá a frequência através de um gráfico que
regista a leitura em decibéis, os quais indicam o grau de surdez da pessoa
(Alvaraga, Martins, Varão & Serrano, 2001).
As perdas auditivas inferiores
a 25 dB, não interferem no desenvolvimento da aquisição da linguagem, mas podem
levar a algumas dificuldades de
comunicação (Nielsen, 2003). Com a DA leve, apesar de não apresentar grandes
dificuldades na aquisição da linguagem, a criança apresenta algumas lacunas na
articulação, na atenção, no ouvir e perceber a comunicação oral em meios muito
ruidosos. Com a DA moderada a fala dá- se com algum atraso.
A criança revela
falta de atenção e compreensão a distâncias curtas, conversas em grupo (mais do
que uma pessoa a falar) e em sítios mais ruidosos, levando à
alteração de voz
e articulação. Com
o apoio precoce
de técnicas especializadas a
criança consegue chegar a um desenvolvimento normal da linguagem.
Na DA
severa há um difícil desenvolvimento da linguagem. Com a ajuda de uma
intervenção precoce a criança poderá ter uma articulação inteligível. Consegue
ouvir os sons próximos, identificar os sons do ambiente. Neste caso a criança
consegue diferenciar as vogais com amplificação sonora. Por último na DA
profunda a compreensão verbal da criança está dependente da leitura labial.
Como a criança não consegue ouvir não usa a linguagem oral para comunicar mas
sim a língua gestual para comunicar (Nielsen, 2003).
Para Afonso (2008), a DA é
uma deficiência na audição que pode ser permanente ou temporária afetando a
criança no seu desempenho escolar. Esta surdez é caraterizada por Surdez
profunda neurossensorial, o que leva o Surdo a ter limitações no contato com o
mundo que o rodeia. Existem determinadas pesquisas que diferenciam entre
“surdo” e “Surdo”.
O primeiro termo (surdo) aparece no campo
médico-terapêutico e é
determinado como falta
de audição, em
que o indivíduo não faz parte da
comunidade surda; o segundo termo (Surdo) é utilizado no meio socio
antropológico ao referir-se ao Surdo profundo. Que pertencente a uma minoria
comunitária, próprio de língua e cultura.
2.1. Aquisição de Surdez
Oliveira, Castro
e Ribeiro (2002)
referem que o
momento de aquisição
da Surdez é determinado com a aquisição da linguagem e leitura. A Surdez
pode ser classificada em Surdez pré lingual, Surdez peri lingual e Surdez pós
lingual.
A criança com Surdez pré lingual não fala nem lê, devido à ausência
total da memória auditiva e de linguagem (Oliveira, et al., 2002). Podemos
classificar a Surdez, como genética ou não genética, pré-lingual ou
pós-lingual, e sindrómica ou não sindrómica.
A surdez de causa genética pode
ser sindrómica, ou não sindrómica, sendo esta mais de 70% dos casos desta
Surdez. A Surdez genética pode ocorrer antes da fala (pré-lingual) ou após a
fala (pós-lingual). A Surdez periférica encontra-se dividida em três partes:
condução, quando há lesão do ouvido externo e médio; neuro-sensorial, quando a
cóclea está lecionada, ou mista quando há ligação entre estes dois tipos de
Surdez periférica.
As Surdez pré-linguais são detetadas ao nascimento
(congénitas), mas em alguns casos inicia-se antes da aquisição da linguagem.
Há
dois tipos de Surdez. A Surdez de condução e a Surdez neuro-sensorial. Por
último surge uma Surdez
mista, conforme afirma
Afonso (2008). Quanto à
Surdez de condução, esta
apresenta-se quando há no ouvido externo ou no médio uma lesão. A criança
aparenta uma perda de audição ligeira ou moderada entre os 50 – 60 dB. É uma
Surdez pouco preocupante pois é temporária e consegue ser recuperada com
medicamentos ou recorrendo à cirurgia em determinados casos (Almeida et al.,
2004).
A lesão do ouvido interno no nervo auditivo ou no córtex cerebral,
provoca a Surdez neuro-sensorial. Dá-se uma perda auditiva ligeira, muito grave
ou total. Neste caso de Surdez o doente tem de recorrer à utilização de um aparelho
auditivo.
2.2. Sinais da deficiência auditiva
De acordo com o
programa de Desenvolvimento Educacional (2007), existem vários sinais de alerta
que os portadores de deficiência auditiva apresentam e que podem variar segundo
o nível de gravidade da mesma. São sinais de alerta de deficiência auditiva os
seguintes:
¨ Pedidos para
que se repitam as palavras e instruções;
¨ Ditados com
muitos erros:
¨ Falta de
interesse principalmente por jogos ou actividades em grupo:
¨ Insegurança em
brincar ao ar livre:
¨ Dificuldade para a leitura e a escrita.
2.3. Fatores que levam à Surdez
Há muitos
fatores que levam ao aparecimento da Surdez
na criança.
¨ Fatores pré natais: lesões que podem
ocorrer antes do nascimento.
¨ Fatores pós natais: problemas apos o
seu nascimento. Das lesões pré natais advém a Surdez congénita que pode ser
originada por motivos ambientais ou hereditários. No caso ambiental, temos
infeções (como herpes, vírus, sífilis, entre outras) ou complicações que podem
ocorrer durante a gestação. Nos casos hereditários, estas podem ou não ser
transmitidas geneticamente da família. As perdas auditivas de grau variável
podem surgir durante ou logo após o parto.
As lesões pós natais levam a uma
Surdez adquirida. Um dos fatores que leva a este tipo de Surdez é a meningite
ou outras doenças contraídas durante a infância como: papeira, sarampo ou tosse
convulsa que nos dias de hoje já é possível combater recorrendo à vacinação. (Almeida,
Antunes, Caeiro, Cunha, Monteiro, Moreira e Varão, 2004).
2.4 Níveis de Surdez
Os níveis de
Surdez são vários e podem ser classificados dependendo da intensidade da perda
auditiva (Afonso, 2008). Os autores Almeida et al., (2004) entendem por Surdez
a perda total de audição. Empregando-se para os vários níveis as designações de
Surdez ligeira, modera, severa e profunda. Existem alguns autores,
nomeadamente, Nunes (1999) citado por Afonso (2008) que referem que muitas
vezes há dificuldade em identificar o grau de Surdez que uma criança apresenta
quando esta ainda é muito pequena.
Segundo os investigadores acima referidos,
ao aplicar o índice de Fletcher, já é possível detetar o grau de Surdez que uma
criança portadora de deficiência auditiva apresenta. Este teste é feito em
frequências de 500, 1000 e 2000 Hz (Hertz “Hz” é a unidade de medida da
frequência de um som e corresponde a um ciclo), com a média do limiar auditivo.
¨ Surdez ligeira: A criança em ambientes
ruidosos pode ter dificuldades em entender mensagens; Não identifica totalmente
os sons produzidos; A utilização de prótese auditiva favorece uma melhor perceção; Pode apresentar
pequenas dificuldades articulatórias.
¨ Surdez moderada: Só identifica palavras
se forem produzidas em voz alta; Uso de uma prótese auditiva para conseguir
perceber os sons; Pode não conseguir acompanhar uma discussão em grupo; A
articulação é bastante difícil; Linguagem expressiva oral limitada.
¨ Surdez severa: Consegue ouvir os sons
próximos; Só consegue perceber
algumas palavras se
forem ditas lentamente; O processo de aquisição da linguagem oral não é
espontâneo.
¨ Surdez Profunda: Não percebe a fala
através da audição, mas consegue perceber sons altos e vibrações; Revela muitas
limitações para a aquisição da linguagem oral.
¨ Recursos auditivos que uma criança
com deficit auditivo
pode recorrer
Segundo Nunes
(1999), a criança portadora de deficiência auditiva deve recorrer ao uso de
aparelhos auditivos o mais precocemente possível tanto para a adaptação destes,
como para a aquisição da evolução da linguagem. A criança com ausência de
audição pode usar aparelhos auditivos desde os 6 meses de idade. Nunes (1999)
refere que “ O aproveitamento que cada criança vai retirar da aparelhagem é
muito variado” (p. 24). Tudo isto vai depender da idade que se detetou a
ausência de audição, o tipo e o que provocou a Surdez. A reabilitação auditiva
da criança pode ser desenvolvida com o uso
de prótese auditiva
ou com um
implante cirúrgico.
Para
Henriques (2010), o objetivo da prótese auditiva é “ aproveitar a audição residual de modo eficaz
através de um mecanismo de amplificação” (p. 67). Nunes (2003) entende que para
a criança portadora de deficiência auditiva ter uma boa adaptação à prótese
auditiva é muito importante haver clareza da fala, como também um nível sonoro
confortável.
2.5. O Implante Coclear é inserido por
via da cirurgia. Este altera a energia sonora em sinais elétricos que,
posteriormente, são interpretados no córtex auditivo ( Berro et al. 2008). O
uso do implante coclear (Figura 4) é a utilização de uma “ prótese auditiva
elétrica, complexa, que utiliza a estimulação direta do nervo auditivo,
ultrapassando a cóclea, para produzir sensações auditivas” (Alves, &
Pacheco, 2003, p. 234).
Henriques (2010) define o implante coclear como “ um
dispositivo eletrónico também conhecido como ouvido biónico, que estimula as
células nervosas do ouvido interno (células ciliadas), permitindo a transmissão
do estímulo elétrico através do nervo auditivo ate ao córtex cerebral onde será
descodificado” (p. 75).
Para Alves e Pacheco (2003), os estudos realizados
apontam que uma criança portadora de deficiência auditiva adquirida ou
congénita, bilateral, profunda ou severa, após os 18 meses de idade já pode
levar um implante coclear. O primeiro implante coclear em Portugal foi
implantado num adulto em 1988 no centro Hospitalar de Coimbra e na primeira
criança no ano de 1992 também no mesmo centro hospitalar (Henriques, 2010).
2.6. Como lidar com pessoas com deficiência auditiva
¨ Atente-se aforma como identifica a pessoa;
¨ Não tenha medo de se comunicar;
¨ Utilize a fala
a seu favor;
¨ Seja
expressivo;
¨ Não relacione
a deficiência com o intelecto;
¨ Não faca
suposições;
¨ Pergunte e
tenha o coração aberto.
III CONCLUSÃO
Durante a
pesquisa, investigação concluímos que necessidades educativas especiais são uma
(qualquer) dificuldade evolutiva, de funcionamento educativo e de aprendizagem,
a aquisição da Surdez é determinada com a aquisição da linguagem e leitura, os
níveis da surdez variam segundo a gravidade da mesma, existem fatores que levam
ao aparecimento da Surdez na criança fatores pré natais, fatores pós natais, é possível detetar o grau de Surdez que uma
criança portadora de deficiência auditiva apresenta. Este teste é feito em
frequências de 500, 1000 e 2000 Hz (Hertz “Hz” )é a unidade de medida da
frequência de um som e corresponde a um ciclo), com a média do limiar auditivo.
A criança portadora de deficiência auditiva
deve recorrer ao uso de aparelhos auditivos o mais precocemente possível tanto
para a adaptação destes, como para a aquisição da evolução da linguagem, pode
usar aparelhos auditivos desde os 6 meses de idade.
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