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A Física é uma Ciência que tem como objeto de estudo o Universo,
sua evolução, suas transformações e as interações que nele se apresen-tam.
Por alguma razão, os fenômenos da natureza obedecem a equações matemáticas. forma, o papel do físico consiste em elaborar mode-los para os fenômenos expressos em equações matemáticas.
Mas aten-ção! Esses modelos não são a natureza, mas sim a representação dela.
O conhecimento físico construído ao longo do tempo encontra-se presente hoje nas tecnologias do setor produtivo e de nossas casas.
Daí a sua importância para as práticas sociais contemporâneas, a compreensão
da cultura produzida pelos homens, para entender a relevância históri-
ca dessa produção dentro da história da humanidade.
Não fosse o bas-tante, a elegância das teorias físicas, a emoção dos debates em torno das idéias científicas, a grandeza dos princípios físicos, desafia a todos nós, professores e estudantes, de compartilharmos, ainda que com um pouco
de Matemática, os conceitos e a evolução das idéias em Física, presentes
desde que o homem, por necessidade ou por curiosidade, passou a se
preocupar com o estudo dos fenômenos naturais. (MENEZES, 2005)
Até o final do século XIX e ínicio do século XX, praticamente toda
a Física conhecida estava concentrada no estudo dos Movimentos, apre-
sentada no Principia de Newton, e o Eletromagnetismo de Maxwell,
cuja síntese manifesta a junção dos fenômenos elétricos e magnéticos.
E, ainda, as três leis da Termodinâmica, formulações ocorridas especial-
mente com os trabalhos de Mayer, Helmholtz e Gibbs, donde surgiu
uma das primeiras formulações para a Conservação da Energia.
Assim, os textos, os quais chamamos Folhas, englobam três cam-
pos de estudos: Movimento, Termodinâmica e Eletromagnetismo, escolhi-
dos como estruturantes do currículo de Física do Ensino Médio, por-
que constituem-se como teorias unificadoras da Física. No século XVI,
a mecância de Newton uniu os fenômenos celestes e os terrestres,
sendo que suas Leis de Movimento englobam a Estática, a Dinâmica e
a Astronomia. No século XIX, os estudos da Termodinâmica, que tive-
ram como mote as máquinas térmicas, unificam os conhecimentos so-
bre gases, pressão, temperatura e calor. Ainda no século XIX, Maxwell
inclui a Óptica dentro da Teoria Eletromagnética, concluindo a terceira
grande sistematização da Física ao unir os fenômenos elétricos com os magnéticos e a óptica.
O século XX presenciou grandes avanços no conhecimento dos fe-
nômenos naturais: do transistor a nanotecnologia; a expansão do univer-
so que impulsiona a busca por novos modelos cosmológicos; computa-
dores com capacidade de armazenamento e transmissão de dados com
uma rapidez nunca antes permitida; e tantos outros. Daí a tentativa de
trazer, em cada Folhas, debates e buscas recentes para que também vo-
cê, estudante, conheça esta produção humana contemporânea.
Evidentemente, muitos assuntos importantes foram deixados de fo-
ra, pois não é possível, em um livro, independente do número de pági-
nas, cobrir todos os desdobramentos em conteúdos escolares. Os tex-
tos foram escritos tomando-se o cuidado com a linguagem matemática,
isto é, nada além dos conteúdos matemáticos que você vem aprenden-
do no Ensino Médio.
Com este livro, esperamos que você possa se apropriar do conheci-
mento físico, e compreender que ele é e foi historicamente e socialmen-
te construído, bem como, perceber as relações desse conhecimento com
as estruturas políticas, econômicas, sociais e culturais da sociedade capi-
talista. Mas, acima de tudo, que perceba sua beleza filosófica e artística
revelada nos grandes princípios e nos conceitos científicos.
Dessa forma, apropriamo-nos das idéias do físico e professor
Luiz Carlos de Menezes1
, colocadas em seu livro “A matéria – uma
aventura do espírito”, de 2005, para dizer que consideramos um di-
reito seu poder associar as leis de conservação com as propriedades
do espaço e do tempo, cogitar sobre diferentes ordens que emergem
e se transformam no domínio da vida e das máquinas, compreender
as qualidades dos materiais em sua intimidade quântica, bem como
acompanhar o quase místico surgimento das forças da natureza e a
evolução do universo.
Finalmente, fechamos o livro com o Folhas “As três Interações Fun-
damentais”, escrito pelos professores Ezequiel Burkarter e Julia Tieko
Fujimoto, uma temática atual para o tratamento das idéias em Física.
Há muito tempo, mas muito tempo mesmo, o homem começou a
perceber, através da observação da natureza, que alguns eventos apre-
sentavam uma periodicidade incrível, variações cíclicas observadas nos
céus, como, por exemplo: as fases da lua, as quais somam aproximada-
mente 30 dias, isto é, o período de um mês; as estações do ano, que por
sua vez somam o tempo de um ano.
Essas observações foram importantes para o homem, pois ajudavam
a resolver problemas práticos e garantir sua subsistência, além da neces-
sidade de entender a origem do universo e a própria origem humana.
Inicialmente as explicações para os fenômenos naturais baseavam-se
em mitos e crenças, mas com os gregos, vislumbrou-se um entendimento
do universo sem o revestimento mitológico. Nessa época os fenômenos
celestes eram estudados separadamente dos fenômenos terrestres, uma
vez que a cosmologia aristotélica dividia o universo em supralunar e su-
blunar, separando céu e terra. De fato, Aristóteles foi um dos primeiros,
pelo menos dos que conhecemos nos registros em livros, a elaborar uma
teoria física criando as primeiras leis do movimento.
Muitos foram os esforços e contribuições para desvendar os fenô-
menos naturais. No entanto, até a Idade Média, a Ciência conhecida se
resumia em: Física aristotélica, Astronomia geocêntrica de Ptolomeu e
Geometria euclidiana. Assim é que chegamos ao Renascimento, que se
inicia historicamente em 1453.
Mas o Renascimento, como o nome nos seduz a pensar, parece ter
contribuído para que uma nova forma de ver e explicar o universo se
iniciasse. Nesse cenário, Johannes Kepler, a partir de estudos de Tycho
Brahé, concluiu que as órbitas dos planetas eram elípticas e não circu-
lares, nem seus movimentos eram uniformes, mas dependiam da dis-
tância do planeta ao Sol. Edmund Halley observou que os cometas si-
tuam-se além da Lua, portanto fora da esfera lunar.
Essas constatações contrariavam o que pregava a Ciência medieval,
na sua maioria baseada nas idéias de Aristóteles. E para piorar um pou-
co mais as coisas, Galileu Galilei propôs que o peso dos corpos não
tem influência sobre a sua queda, o que contrariou a física dos lugares
naturais de Aristóteles.
Pensa que é só isso? Engano seu, pois René Descartes, contempo-
râneo de Galileu, também imaginava uma ciência que desse conta dos
mundos supralunar e sublunar. Em outras palavras, o universo não era separável.
Dessa forma, foi possível estudar os fenômenos físicos a partir de
uma situação particular, por exemplo, a queda dos corpos. A natureza
pode ser descrita por equações matemáticas, a partir de algumas consi-
derações que fazemos dos fenômenos em estudo que resultam no que
chamamos de modelo físico. Mas atenção, um modelo não é a nature-
za ou coisas da natureza, mas o que achamos que a natureza é!
Assim, inicia-se o que se costuma chamar de Ciência Moderna, que,
a partir de uma situação particular, pode-se chegar ao geral, tornan-
do possível inaugurar leis universais, isto é, que abrangem a totalida-
de do universo.
Impossível descrever num texto como este, todas as contribuições de
cientistas, sejam eles conhecidos ou não, que com seus estudos, em ca-
da época, possibilitaram entender um pouco o mundo físico. Da mesma
forma, é impossível descrever os muitos erros e acertos, avanços e retro-
cessos, tão próprios da atividade científica, que conduziram a construção
pela humanidade desse monumento que é o conhecimento científico.
Galileu e contemporâneos viveram numa sociedade que transitava
do feudalismo para o capitalismo comercial, sendo este último, fruto
das grandes navegações do século XVI, as quais permitiram o desco-
brimento de novos continentes e a formação de um mercado mundial,
levando o comércio a longas distâncias e contribuindo para a forma-
ção de uma nova classe econômica: a burguesia.
A ampliação da sociedade mercantil e a conjuntura econômica, cul-
tural e social da época derrubaram dogmas da Igreja e permitiram que
Galileu adotasse o modelo heliocêntrico de Nicolau Copérnico (1473-
1543), ousando observar sob a mesma ótica corpos celestes e terres-
tres, separados na física aristotélica.
A instalação do novo cenário foi possível porque Galileu utilizou-
se de um telescópio, cujas observações contribuíram para sua ousadia.
Você já deve ter ouvido o velho ditado que diz “fatos são fatos e con-
tra fatos não há argumentos!”.
Mas apesar dos fatos e da sua ousadia, não foi possível a Galileu e a
seus contemporâneos, romperem totalmente com o pensamento da épo-
ca. No entanto, o palco estava pronto para que Isaac Newton (1642–1727)
completasse o que Galileu, Descartes e outros, não conseguiram realizar,
isto é, encontrar as leis que submeteriam céu e Terra à mesma descri-ção matemática. É isso que a Gravitação de Newton consegue: a primeira
grande unificação da Física, submetendo céu e terra a mesma lei.
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